Do armazém da infância ao consultório de alta tecnologia

O MEU NEGÓCIO

Do armazém da infância ao consultório de alta tecnologia

Jeferson Rabaiolli transformou a antiga venda da família em uma clínica odontológica completa, que alia acolhimento e tecnologia de ponta

Do armazém da infância ao consultório de alta tecnologia
Jeferson Rabaiolli participou do programa “O Meu Negócio” dessa segunda-feira, 9. (Foto: Deivid Tirp)

“Tu és um só, mas por essa porta vão entrar muitos, todos diferentes. Aprende a te adaptar a cada um.” O ensinamento do pai, Luis Rabaiolli, acompanha Jeferson desde a infância, quando ajudava atrás do balcão do armazém da família, em Encantado. A mesma esquina que um dia vendeu secos e molhados é, hoje, endereço do Rabaiolli Centro Integrado de Odontologia, uma clínica que preserva a escuta e o cuidado com cada paciente, sem abrir mão da inovação.

Filho de Luis e Célia Fleck Rabaiolli, Jeferson nasceu em 1969, em Encantado. Estudou sempre em escolas públicas, integrando a primeira turma da atual Escola Monsenhor Scalabrini. Depois, cursou o Érico Veríssimo. A vida acadêmica, porém, exigiu novos rumos: partiu para Porto Alegre, onde tentou ingressar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Sem sucesso imediato, iniciou Engenharia Civil na PUCRS. “Parecia natural. Sempre desenhei bem, gostava de construir. Mas percebi que aquilo me distanciava de quem eu era. Era muito cálculo, muito raciocínio lógico. Me frustrei.”

No fim do terceiro semestre, voltou para casa e comunicou à família que deixaria a PUC para tentar a federal. “Meu pai ficou frustrado, mas me apoiou. Queria me ver feliz.”

A decisão pela Odontologia surgiu por acaso, após uma experiência negativa ao buscar atendimento com um dentista. “Fui até lá, toquei a campainha, ninguém me atendeu. Depois ele apareceu e disse que não tinha tempo. Nem perguntou se podia me encaixar em outro momento. Aquilo me marcou. Vi ali o tipo de comportamento que eu jamais queria reproduzir.”

Do interior à fidelização

Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul entre 1989 e 1992, Jeferson iniciou a carreira em Putinga. Trabalhou junto ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, conciliando com o internato universitário na área de cirurgia. “Na faculdade, atendíamos no máximo três pacientes por turno. De repente, eram oito por turno, 16 por dia. Um choque.”

Se sobrava tempo, podia usar a estrutura para atender a comunidade de forma privada. Essa vivência durou até 1995, e ajudou a fidelizar os primeiros pacientes da carreira.

De volta a Encantado, pensou em abrir a primeira clínica no centro da cidade. Mas o conselho do pai mudou tudo. “Se tu trabalhar bem, as pessoas vêm até ti.”

Com isso, aceitou transformar o antigo armazém da família no primeiro consultório. Aos poucos, o espaço foi ganhando novos ambientes, equipamentos, laboratório e até sala exclusiva para cirurgias.

Estrutura e tecnologia

Atualmente, o Rabaiolli Centro Integrado de Odontologia conta com cinco consultórios. Um deles é reservado a procedimentos cirúrgicos, garantindo segurança, biossegurança e privacidade. Os demais atendem a diferentes finalidades, com espaços pensados para proporcionar acolhimento e individualidade.

A clínica também possui laboratório próprio para a confecção de próteses imediatas, ajustes e reparos. “Prezamos por estrutura completa. Essa independência nos permite dar respostas mais rápidas, com mais controle sobre o que entregamos.”

Há 11 anos, a aposta é na odontologia digital. Moldes desconfortáveis e massas já não fazem parte da rotina. “Substituímos tudo isso por imagens escaneadas. Utilizamos escâneres intraorais que geram imagens em 3D, enviadas para softwares que projetam a peça. Depois, o equipamento confecciona ali mesmo. Em muitos casos, iniciamos e finalizamos na mesma sessão, sem provisórios.” Esse processo traz mais precisão, agilidade e conforto para o paciente.

Atendimento humanizado

Apesar de toda a tecnologia, Jeferson reforça que o essencial continua sendo o relacionamento. “Não acredito em atendimento em série. Cada paciente é único. A primeira tarefa é compreender quem está à nossa frente. A segunda, adaptar-se a ele.”

Segundo ele, esse cuidado vem da vivência no comércio. “Ter atendimento humanizado deveria ser obrigatório. E não falo só em ser gentil. É sobre olhar para o outro de verdade.”

Casado com Carla, pai de Cecília e Isabella, Jeferson enxerga no próprio negócio a chance de aplicar os valores que herdou em casa. “Tudo começou ali na esquina, no armazém. A vida me trouxe de volta para onde tudo começou.”

A (r)evolução do branding
por Ana Couto

Ana Couto é precursora da disciplina do branding no Brasil e acredita que, se as marcas nacionais fizerem uma gestão rigorosa do intangível com foco em criação de valor, terão plenas condições de se manterem firmes e fortes no mercado, além de competir em pé de igualdade com gigantes globais. Por isso, no livro, A (r)evolução do branding, ela mostra que as empresas devem estar prontas para criar uma marca forte, entender o momento certo de um rebranding, adotar metodologias que integram marca, negócio e comunicação, gerir valor no dia a dia com foco em produto, pessoas e propósito, manter coerência entre discurso e prática, e aprender com exemplos reais do mercado.

Entrevista
Jeferson Rabaioli • Rabaioli Odontologia

“Quando se trabalha com pessoas, tudo pode acontecer”

Wink – Como foi a experiência de ajudar teus pais no armazém?
Jeferson – O balcão sempre foi algo muito natural pra mim. O armazém era no mesmo prédio da nossa casa. Por uma porta se entrava no armazém, por outra na cozinha. ei minha infância e adolescência ali, no convívio com meus pais. Era um ponto de ônibus, tinha até placa vermelha. Também era ponto de táxi. Meu pai, às vezes, levava a comunidade até outros lugares. Esse envolvimento sempre foi muito comunitário.

Wink – Quais marcas da tua infância te acompanham até hoje?
Jeferson – O mais marcante foi a capacidade de conviver com os mais diversos perfis. O pai dizia: tu és um só, mas por essa porta vão entrar muitos diferentes. E tu precisa te adaptar a todos eles. Acho que isso moldou minha personalidade, esse olhar de aceitar as diferenças.

Wink – De que maneira esse ensinamento do teu pai reflete na clínica?
Jeferson – Eu exercito isso em cada paciente. O primeiro o é compreender quem está à nossa frente. O segundo é adaptar o atendimento. Serviços não devem ser em série, precisam ser customizados. Atendimento humanizado não é luxo, é obrigação.

Confira a entrevista completa

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