Há quem diga que o amor é coisa de juventude, que os grandes encontros pertencem ao início da vida. Mas a verdade é que o coração não segue cronogramas. Em uma fase em que muitos acreditam que as paixões já ficaram para trás, alguns corações desafiam o tempo e provam que nunca é tarde para se apaixonar. Os casais Fabiana Franz e Charles Thomas, Marly Marcolam e Valdemar Hesse, Marlene Meith e Pedro Bauer descobriram que o amor não tem hora certa para acontecer. Ele simplesmente chega e transforma.
Quando Fabiana Franz, 44, entrou na loja da família Thomas para comprar um cadeado para o portão da casa, não imaginava que aquele seria o primeiro o para o início de uma nova história. Buscava uma opção que poderia garantir mais segurança. Então, seguiu o conselho de Charles, 47,: levou três modelos e combinou de devolver os que não servissem. A alternativa virou pretexto para preencher um pequeno cadastro e, dias depois, se transformar em uma troca de mensagens. Afinal, Fabiana recebeu uma solicitação de amizade de Charles no Facebook.
O gesto simples chamou sua atenção, mas não ou disso naquele momento. No entanto, o destino insistiu em unir os dois. No sábado seguinte, a resistência do chuveiro queimou, e ela recorreu à família Thomas em busca de ajuda. Mandou mensagem para Charles, mas ele não respondeu de imediato. Quando finalmente retornou, ofereceu-se para ajudar pessoalmente. Desde então, os dois nunca mais pararam de conversar.
O que começou com um gesto de gentileza se transformou em parceria. Hoje, Fabiana e Charles dividem a rotina, participam juntos das atividades da igreja e dos eventos da comunidade. Costumam ir aos bailes e até às feiras locais. E em agosto deste ano, vão escrever um novo capítulo dessa história: o casamento. “É bom ter uma pessoa ao lado que te acompanha nas alegrias e tristezas”, diz Charles.
Antes de se conhecerem, ambos viveram relacionamentos de mais de 20 anos. Hoje, com os aprendizados das antigas relações, conseguiram consolidar uma união de respeito e tolerância, características que, para Charles, são essenciais em qualquer relação, independente da idade.
“Ninguém é perfeito, mas nunca devemos esquecer o respeito por quem está contigo. O medo de recomeçar às vezes é grande, ainda mais quando se tem toda uma história construída e que envolve os filhos”, afirma.
Para Fabiana, a união dos dois foi obra de Deus. “É engraçado perceber que, ao relembrar algumas histórias, já estivemos por perto em muitos momentos, mas nunca realmente tínhamos nos visto”. Para aqueles que ainda procuram pelo amor, Fabiana aconselha: “Não desistam, pois ainda existem pessoas boas e elas podem estar onde menos imaginamos”, conclui, com o brilho no olhar de quem reencontrou o amor.
“Nossos filhos e netos são como um só”

Em junho de 2024, apenas alguns meses depois do primeiro encontro, Marly Marcolam e Valdemar Hesse se casaram (Foto: Jéssica R. Mallmann)
Um veraneio na Praia Real, em janeiro de 2024, transformou a vida de Marly Marcolam, 65, e Valdemar Hesse, 85. Durante a temporada, Marly se ofereceu para auxiliar na casa de veraneio da família onde trabalhava e também cuidar do patriarca. A família em questão era vizinha de Valdemar, no litoral, e já se conheciam de outras temporadas, mantendo uma convivência próxima.
De maneira despretensiosa, a nora de Valdemar e a patroa de Marly aproximaram o casal. “Minha nora me disse que havia uma mulher que seria interessante para mim. Brinquei com ela que, se conseguisse o número dela, a convidaria para um eio à beira-mar”. E assim ocorreu. Em pouco tempo, a conversa virou compromisso. Em junho de 2024, apenas alguns meses depois do primeiro encontro, eles se casaram.
“Eu logo me apaixonei por ela e é engraçado que parece que eu a conheço desde menina… na verdade ela é a minha menina”, afirma Valdemar com um olhar apaixonado. Marly, que havia perdido o primeiro marido há pouco tempo e enfrentava um período difícil, conta que não imaginava reencontrar o amor. “Estava sofrendo muito, tomando antidepressivos. Mas tudo mudou quando o conheci. Hoje, não tomo mais remédios. Entendi que o que me faltava era uma boa companhia. Ele me trouxe leveza e motivos para sorrir. Tenho certeza de que Deus nos colocou no caminho um do outro”.
Hoje, o casal compartilha esse amor com filhos e netos, que acolheram a relação com carinho e se uniram para construir uma nova família. “Nossos filhos e netos são como um só. É bonito ver essa conexão, esse respeito e essa alegria em estarmos todos juntos.”
“Não imaginava viver um novo amor”

O relacionamento de Marlene e Pedro foi bem recebido pelas famílias (Foto: Arquivo pessoal)
Marlene Meith, 66, também não esperava conhecer outra pessoa. Depois da perda do marido, ela decidiu que não queria mais se envolver com ninguém. “Coloquei na cabeça que não ia mais ter outro homem. Queria ficar sozinha, mas quando conheci meu namorado tudo mudou”.
Foi durante um baile da terceira idade, no final do ano ado, que ela e Pedro Bauer, 53, se cruzaram pela primeira vez. Ele se aproximou com um refrigerante, puxou conversa e fez o convite para uma dança.
Ao final do baile, ele queria acompanhá-la até em casa. Cautelosa, recusou o pedido. “Não havia deixado meu número de telefone, nem as redes sociais, mas ele conseguiu com a coordenadora do grupo”.
À medida que os dois conversavam com mais frequência, marcaram o primeiro encontro. Desde então, estão juntos há seis meses. “Sempre digo que não sei como fui aceitar, porque achava que já tinha sofrido demais na vida. Vou aos bailes para dançar e me divertir, não para encontrar alguém. Mas aconteceu. E não me arrependo.”
O relacionamento foi bem recebido pelas famílias, que logo se integraram. Os filhos e netos de ambos apoiaram a nova união e já participam juntos de encontros e momentos especiais. “Está dando certo e é muito legal. O mais importante é que estamos bem, um cuida do outro e dividimos a vida com alegria”, resume Marlene.