Abrir a mente para crescer

Opinião

Rogério Wink

Rogério Wink

Abrir a mente para crescer

Em muitas empresas, especialmente nas familiares, ainda persiste a crença de que o melhor caminho é o empreendedor “botar a mão na massa” e resolver tudo sozinho. Nesse contexto, a figura de conselheiros que não estão no dia a dia da operação é, muitas vezes, vista com desconfiança — como se fossem meros palpiteiros distantes da realidade da empresa. Essa visão, além de equivocada, pode ser um obstáculo silencioso ao crescimento sustentável do negócio.

Um conselho consultivo não é uma consultoria, nem tampouco uma ameaça à autonomia do dono. Ele é, na prática, uma poderosa ferramenta de apoio à gestão, pensada justamente para ampliar a capacidade estratégica da empresa sem tomar o controle das decisões. Ao reunir profissionais com experiência e visão externa, o conselho consultivo contribui com insights valiosos, promove reflexões estratégicas e ajuda os gestores a saírem do modo reativo para construir uma agenda de longo prazo.

Ou seja, o conselho não substitui a liderança, mas amplia sua capacidade de refletir com clareza em um ambiente cada vez mais incerto e competitivo, estimulando a liderança empresarial pensar o negócio.

Nas empresas familiares, esse movimento é ainda mais desafiador. O fundador, muitas vezes responsável por tirar o negócio do papel e fazê-lo prosperar, pode ter dificuldade em abrir espaço para opiniões diferentes. Mas é justamente essa abertura — difícil, porém necessária — que pode garantir a continuidade do negócio no médio e longo prazo. O conselho atua como um espaço seguro para debater ideias, antecipar cenários e alinhar estratégias com base em experiências diversas e complementares.

Além disso, o conselho consultivo é uma instância livre de vaidades operacionais. Ele não está ali para “mandar”, mas para provocar, questionar e contribuir com um repertório construído ao longo da carreira dos conselheiros.

Outra oportunidade a partir do conselho é discutir a sucessão nas empresas familiares. A sucessão, quando não planejada, vira urgência — e urgência costuma custar caro. O conselho consultivo, nesse contexto, ajuda o empresário a enxergar que preparar um sucessor não é apenas treinar um nome para ocupar o cargo. É criar uma cultura de governança, onde o papel da liderança é compreendido, respeitado e exercido com responsabilidade.

É nesse processo que o dono começa a entender, na prática, a diferença entre herdeiro e sucessor. O herdeiro recebe patrimônio; o sucessor assume um legado com visão de futuro, preparo técnico e compromisso com os valores e a sustentabilidade da empresa.

Em tempos desafiadores, abrir espaço para escutar é um sinal de força — não de fraqueza. A abrir a mente para crescer, com ajuda de um conselho consultivo pode ser o primeiro o para transformar um bom negócio em uma empresa sólida, longeva e preparada para o futuro.

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